Os primeiros erráticos passos...

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Não são muitos os autores norte-americanos que percorrem o território sonoro francófono. Ao contrário dos seus pares britânicos, o legado de Gainsbourg e da chanson française permanece arredado e distante no horizonte do Atlântico Norte. Jarvis Cocker confessou há muito o seu fervor pela obra do referido compositor. Scott Walker e Neil Hannon cruzaram por várias vezes os seus caminhos com o de Jacques Brel. Damon Albarn celebrou de uma forma particularmente elegante a nouvelle vague, aquando da gravação da faixa To the end, em 1994, ao partilhar as vocalizações da mesma com Françoise Hardy. A distância de que falo não embate pois na barreira linguística; perde-se talvez na clausura cultural, própria da imensidão de um território que encerra uma multitude de sonoridades. No entanto, existem excepções, e uma delas intitula-se White Hinterland , projecto que esconde uma exímia letrista chamada Casey Dienel, autora de pequenas crónicas urbanas, nas quais as personagens surgem-nos frenéticas e autênticas, um pouco perdidas no turbilhão dos dias ou meramente afastadas da crua realidade. Oriunda de Boston, em 2006 Casey editou o seu primeiro trabalho homónimo: uma colecção de pequenas peças erráticas e por vezes jazzisticas, cuja interpretação se decompunha em voz e piano. Mais tarde, a mutação em White Hinterland, sinónimo de maturidade e de um maior cuidado nas suas composições. Com este projecto surgiram os arranjos de cordas, uma escrita menos centrada em estudos de personagem, encerrando uma maior dimensão poética, e acima de tudo, o fim da solidão em palco e no estúdio. Em 2008, Casey decidiu expandir as fronteiras deste projecto, tendo editado em Outubro o EP Luniculaire, tributo ao imaginário francófono e a algumas vozes que o traçaram. Nele encontramos reinterpretações de Requiem pour un con de Gainsbourg, Mon ami la rose de Hardy e J'ai 26 ans de Brigitte Fontaine, às quais se juntam dois originais de Dienel, também escritos em francês e evocativos daquele legado. A sua editora (Dead Oceans) compara-a a Elizabeth Fraser . As suas composições há muito que deveriam dispensar apresentações.

podcast

01. Jens Lekman sang REC (at Salthomen) from At the dept. of forgotten songs (2005) Secretly Canadian
02. White Hinterland s
ang I miss you from Stereogum presents: Post (2008) Stereogum.com

03. Stars played A thread cut and a carved knife from Sad robots EP (2008)Arts & Crafts
04. Dana Falconberry sang Blue umbrella from Oh skies of grey (2008) Time Records
05. Beatbeat Whisper played And suddenly apart was shared from Wonder continental (2008) S/r

06. Arms played Construction from Kids aflame (2008) Melodic Records

07. Arms played Sad sad sad from Kids aflame (2008) Melodic Records

08. Dept. of Eagles played Floating on Lehigh from In Ear Park (2008) 4AD
09. Headless Heroes played Just like honey from The silence of love (2008) Names Records

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